Oncologia Médica

Pequenos textos avulsos sobre a actualidade e os contéudos da especialidade de Oncologia Médica em Portugal e no mundo. Autoria: Miguel Barbosa, médico do internato de Oncologia Médica.

23 julho 2007

5 perguntas sobre... tumores cerebrais



Seguem-se 5 perguntas sobre tumores cerebrais que serão respondidas dentro de dias num próximo post. Entretanto o leitor pode desde já avançar com as suas próprias respostas.
  1. Quais são os factores de risco inequívocos identificados que contribuem para o surgimento de tumores cerebrais?
  2. Em que tipos de tumores cerebrais a Tomografia Axial Computorizada pode ser mais informativa que a Ressonância Magnética Nuclear?
  3. Embora a avaliação imagiológica possa sugerir um diagnóstico específico para todos os tumores cerebrais deve ser obtida uma amostra tecidular (biopsia) antes de iniciar tratamento. Existe contudo uma excepção a esta regra. Qual?
  4. Quais são os três tipos de tumores que mais frequentemente metastizam para o cérebro?
  5. Quais são os 3 tipos de células gliais que podem dar origem a gliomas? Qual é o glioma mais frequente e simultaneamente o de pior prognóstico?

19 julho 2007

Docetaxel como arma para o cancro da próstata


Os doentes com cancro da próstata metastizado são habitualmente tratados com terapêutica androgénica ablativa. Contudo, e apesar das altas taxas de resposta obtidas (entre 70 e 80%), após cerca de 18 a 24 meses todos os doentes experimentam progressão da doença, refractária ao tratamento hormonal. Com base nos estudos SWOG 99-16 e principalmente TAX 327 constatou-se que a quimioterapia com docetaxel permite aumentar a sobrevivência global. Trata-se do primeiro agente a obter uma resposta significativa contra o cancro da próstata: reduz o risco de morte em 24%. Resultados históricos que lançam nova esperança sobre uma das principais causas de mortalidade dos homens portugueses.

23 maio 2007

Manual de Cuidados Paliativos


O Manual de Cuidados Paliativos, edição da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian e editado por Isabel Galriça Neto e António Barbosa é um "must have" desta área do conhecimento médico.
Escrito pelos mais reputados especialistas nas respectivas áreas do controle de sintomas este livro assume-se como um elemento indispensável para obtenção de cuidados de excelência para todos os doentes que necessitem de cuidados paliativos em Portugal.

15 março 2007

Estudo fase II do Sorafenib no Carcinoma Hepatocelular avançado



O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é uma neoplasia cuja única hipótese de cura se resume a ressecção cirúrgica e transplante hepático. Contudo esta abordagem apenas pode ser realizada em 15% dos doentes. Os que apresentam doença metastática ou iressecabilidade tumoral na altura do diagnóstico têm uma sobrevida de poucos meses.
O Sorafenib é um inibidor multicinase que bloqueia a proliferação celular tendo como alvo a Raf cinase e simultaneamente exerce um poderoso efeito antiangiogénico ao bloquear o receptor -2/-3 do factor de crescimento vascular endotelial. O seu eventual efeito sobre o CHC foi estudado num ensaio multicêntrico, internacional, de fase II.
Constatou-se que a toma diária de Sorafenib (400 mg 2xdia em ciclos de 4 semanas) permitiu uma sobrevivência média de 9.2 meses, com 34% dos doentes atingindo uma estabilização da doença por pelo menos 16 semanas e 8% dos doentes alcançando respostas parciais ou mínimas. Estes dados representam um avanço relativamente a tratamentos combinados como a doxorrubicina e cisplatino ou o esquema PIAF (cisplatino, interferão, doxorrubicina e fluoracilo) em que as respectivas sobrevidas médias tinham sido de 7.3 e 8.9 meses respectivamente e as taxas de estabilização da doença de 16% e 28%.
Mais importante ainda há evidência que o sorafenib poderá ser combinado com sucesso com outros agentes no tratamento do CHC devido ao seu perfil de toxicidade favorável. Os efeitos adversos mais significativos (grau 3/4) foram a fadiga, diarreia e síndrome mão-pé.

18 fevereiro 2007

Actualização do estudo BIG (Letrozole vs. Tamoxifeno)

Acabou de ser publicado no Journal of Clinical Oncology de Fevereiro 2007 uma actualização ao conhecido estudo BIG 1-98, ou seja, o estudo em que se compara a utilização de 5 anos de Letrozole versus Tamoxifeno como terapêutica adjuvante primária nas mulheres pós-menopausicas com cancro da mama hormono-sensível.
Os resultados indicam que com um período médio de follow-up de 51 meses (existe já um número apreciável de doentes que terminaram o estudo) verifica-se uma redução de 18% (p= 0.007) na probabilidade de ocorrência de um evento que é favorável ao letrozole. Os efeitos adversos são os esperados: enquanto que os doentes sob letrozole experimentam mais fracturas ósseas, artralgias, hipercolesterolemia de baixo-grau e eventos cardíacos que não isquemia ou insuficiência cardíaca, os doentes sob tamoxifeno apresentam principalmente episódios tromboembólicos, patologia do endométrio, suores nocturnos ou metrorragias.
Refira-se que embora o objectivo primário do estudo (a sobrevida livre de doença) tenha sido atingido, já o end-point secundário sobrevivência global não apresentou uma diferença estatisticamente significativa (p= 0.35) entre os dois fármacos.