Oncologia Médica

Pequenos textos avulsos sobre a actualidade e os contéudos da especialidade de Oncologia Médica em Portugal e no mundo. Autoria: Miguel Barbosa, médico do internato de Oncologia Médica.

31 janeiro 2007

Bevacizumab: uma nova arma terapêutica no Cancro Cólon-rectal metastizado

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Aproximadamente 30 a 40% dos doentes com cancro do cólon ou do recto apresentam doença metastática na altura do diagnóstico. Para a grande maioria destes pacientes o tratamento é paliativo e de uma forma geral consiste em quimioterapia (QT).
O sucesso da utilização de anticorpos monoclonais no combate a algumas doenças neoplásicas, nomeadamente o cancro da mama (em que se recorre ao anticorpo trastuzumab) ou o linfoma não-Hodgkin (em que se utiliza o rituximab), levou ao desenvolvimento de uma estratégia semelhante para o cancro cólon-rectal metastizado (CCRM). Actualmente são utilizados 2 anticorpos monoclonais para combater esta doença, um dirigido ao factor de crescimento endotelial vascular (o bevacizumab) e outro dirigido ao factor de crescimento epitelial (o cetuximab).
O bevacizumab foi aprovado nos Estados Unidos após um ensaio clínico envolvendo 813 doentes, em que se verificou que administrado em conjunto com o esquema IFL de QT (irinotecan + 5-Fluoracil em bólus e leucovorin) permitia um ganho de sobrevivência estimado em 5 meses relativamente a doentes que tinham sido submetidos apenas a IFL.
Na reunião de Agosto de 2006 da Sociedade Americana de Oncologia Médica (ASCO) foram já apresentados resultados do bevacizumab em associação com os mais eficazes esquemas de QT actualmente utilizados para o CCRM, nomeadamente os esquemas FOLFIRI e FOLFOX. Em ambos a vantagem da associação com o anticorpo é considerável. Por exemplo o FOLFOX + bevacizumab permite uma sobrevivência média de 24 meses, uma dos valores mais elevados alguma vez obtido para esta doença.
O bevacizumab deverá ser usado com cautela em doentes com doença cardiovascular existindo um risco aumentado de eventos embólicos. Pode também agravar a Hipertensão Arterial ou os efeitos cardiotóxicos das antraciclinas. Estão descritas complicações como a perfuração gastro-intestinal, o abcesso intra-abdominal ou a deiscência de sutura.

22 janeiro 2007

Carcinoma Medular da Tiróide

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Carcionama Medular da Tiróide (células parafoliculares
ou células C) com estroma amilóide.


O Carcinoma Medular da Tiróide (CMT) é um tumor neuro-endócrino das células parafoliculares da glândula tiróide. Pode ser esporádico (80% dos casos) ou familiar surgindo associado ao síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN2).
Na maioria dos doentes infelizmente a neoplasia já se encontra metastizada na altura do diagnóstico. O estadiamento do CMT é o seguinte:
- Estadio I: menos de 2 cm sem evidência de doença extratiróidea.
- Estadio II: entre 2 e 4 cm sem evidência de doença extratiróidea.
- Estadio III: maior que 4 cm ou com metastização para gânglios cervicais de nível VI ou com invasão microscópica extratiróidea.
- Estadio IV: metástases à distância.

O mais importante factor de prognóstico não relacionado com o estadiamento é a idade do doente: doentes com mais de 40 anos apresentam um sobrevida aos 5 e 10 anos comparativamente pior que os doentes com menos de 40 anos.
A avaliação do doente é feita através de ecografia ou TAC cervical, radiografia torácica e, se necessário, TAC do tórax e abdómen. Devem também ser determinados os níveis de calcitonina sérica e do antigénio carcino-embrionário.
O tratamento de escolha é a tiroidectomia total com dissecação do tecido nodal adjacente. A terapêutica de substituição com tiroxina (T4) deve ser iniciada logo a seguir à cirurgia.
A radioterapia do pescoço e mediastino superior está aconselhada após a cirurgia quando existe doença extratiróidea ou metástases ganglionares extensas em doentes não submetidos a dissecação curativa.
O tratamento médico está reservado a doentes com doença metastática progressiva. A doxorrubicina é o agente único mais eficaz possibilitando uma resposta objectiva em 40% dos doentes, que contudo nunca é completa e apresenta uma curta duração. Raras vezes o octreotido (análogo da somatostatina) ou o interferão alfa (modificador da resposta biológica) conseguem diminuir objectivamente o tumor.

21 janeiro 2007

Datas importantes em 2007

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- XII Jornadas de Oncologia Médica a 11 e 12 de Maio, em Espinho.
- 13º Congresso Nacional de Medicina Interna, Lisboa, de 23 a 26 de Maio de 2007 (data limite para entrega de resumos: 29 de Janeiro).
- 43º Encontro Anual da ASCO entre 1 e 5 de Junho em Chigago, Illinois.
- 33º Congresso da ESMO entre 12 e 16 de Setembro em Estocolmo.
- ESMO Conference entre 5 e 8 de Julho em Lugano, Suíça.
- 10ª Conferência Internacional "Primary Therapy of Early Breast Cancer", de 10 a 14 de Março em St. Gallen, Suiça.
- 20º Simpósio Internacional "Supportive Care in Cancer", de 27 a 30 de Junho em St. Gallen, Suiça (data limite para entrega de resumos: 15 de Fevereiro).
- 9º World Congress Gastrointestinal Cancer, de 27 a 30 de Junho, Barcelona (data limite para entrega de resumos: 15 de Fevereiro).
- 3ª Reunião Nacional de GIST a 10 de Março em Chaves.

18 janeiro 2007

Oncologia Médica



A especialidade de Oncologia Médica surgiu em Portugal na década de noventa. O actual programa de formação nesta área do conhecimento médico foi publicado no Diário da Républica nº 79 (4 de Abril de 1997) através da portaria 238/97. Aí encontram-se definidos os estágios necessários à obtenção do grau de especialista em Oncologia Médica reconhecido pela Ordem dos Médicos, nomeadamente Medicina Interna (18 meses), Cuidados Intensivos (3 meses), Infecciologia (3 meses), Oncologia Médica I (9 meses), Radioterapia (3 meses), Hemato-oncologia (6 meses), Unidade de Transplante de Medula Óssea (3 meses), estágio de Investigação (6 meses), estágio opcional (3 meses) e Oncologia Médica II (6 meses), perfazendo um total de cinco anos.